parece que é fruta, mas é pseudofruto – igualzinho a vida que, vira e mexe, aparece com algo fresco, carnudo e viçoso propondo repentinas núpcias, mas, passada a lua de mel, se apresenta como rim acastanhado e endurecido contendo apenas os óleos essenciais que nutrem a alma e prepara a gente pra ser um humano melhor.
O caju, tão pequenino, genuinamente brasileiro, não passa desapercebido – quem é que conseguiu, no mundo inteiro, esquecer seu perfume impregnante com textura de carne e cor de verão nordestino?
A inigualável manga penetra na alma feito música de Alceu Valença, desprende aroma das férias dos ’80 e lambuza a vida da gente de um prazer tão latino americano, tão amarelo-bobo-feliz.
Eu escrevo com com os cinco sentidos aguçados e não há linha, forma, textura, gosto, cor, cheiro ou intenção que não tenha como inspiração a própria natureza. A própria VIDA.